terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Carta ao Hospital da Luz, 13 Dez 08

Isabel Castanheira Diniz Ferrão
Rua Prof Veiga Beirão 31, r/c B
1700-318 LISBOA
Hospital da Luz
Av Lusíada, 100
1500-650 LISBOA

ASSUNTO: ALBERTO CASTANHEIRA DINIZ

Exmo Senhor Director,

O meu Pai deu entrada nesse hospital, está a fazer um mês.
Encontro-me desacreditada da necessidade absoluta que o Dr Roquete fez ver à família, acerca da operação ao coração a que o meu pai foi sujeito, contrapondo a opinião do médico que o assistia habitualmente.
Ele foi admitido neste hospital com vista a operação a uma hérnia inguinal.
Entretanto, o Dr Roquete condicionou essa intervenção a uma operação ao coração.
Antes de operar ao coração, entenderam que deveriam proceder à extracção geral dos dentes, devido ao risco de infecção.
Observou-se que o doente superou bem a operação à boca, com anestesia geral, o mesmo não sucedendo após a operação ao coração, a qual resultou em complicações sérias ao nível das vias respiratórias, as quais não foram antecipadas à família ou ao doente.
Embora não tenham sido antecipadas, essas complicações deveriam ter sido avaliadas médicamente, num doente que já tinha sido sujeito a tratamentos de radioterapia, precisamente à garganta. Neste órgão, ao aplicarem os tubos para o doente poder respirar, danificaram as funções vitais de tal modo que tiveram que abrir um buraco na traqueia.
Actualmente, o quadro clínico consiste em ver o meu pai permanentemente amarrado à cama, num estado de dependência total e prolongada que não tem nada a ver com o propósito que o levou a solicitar os serviços médicos.
A família precisa de ser informada acerca da responsabilidade do hospital e das perspectivas de evolução da situação, o que não tem sucedido apesar da família acompanhar o doente durante várias horas todos os dias, sem que os responsáveis clínicos procurem informar, ao contrário do que sucedia antes da operação ao coração vir a ser aceite.

A meu ver, a família e principalmente o doente, deveriam ter sido informados acerca da eventualidade deste tipo de quadro evolutivo, para o qual ninguém se encontrava preparado, quer ao nível físico, psicológico ou mesmo económico, onde a informação clínica aos familiares foi substituída pela solicitação monetária que se encontra a delapidar as poupanças que foram conservadas ao longo de toda uma vida de trabalho.

Pergunto-me, se o meu pai resistiu à anestesia para os dentes, porque é que não teria resistido também à anestesia para uma hérnia, que já me têm dito que a anestesia para os dentes é mais forte do que a anestesia para uma hérnia inguinal?
Pergunto também, o que é que o hospital entende acerca da sua cota de responsabilidade no quadro clínico para onde o doente foi conduzido?
E pergunto ainda, o que é que o hospital tenciona fazer, na altura em que sentir que as poupanças do doente já foram suficientemente delapidadas?


Lisboa, aos 13 de Dezembro de 2008. Subscrevo-me,



_________________
(Isabel Ferrão)

Sem comentários:

Enviar um comentário